Se existe alguém que simboliza o quão descartáveis são as alianças fora do clã Bolsonaro, essa pessoa é Carla Zambelli. Hoje, amarga a prisão na Itália, onde sua família clama por direitos humanos em seu nome.
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A deputada Carla Zambelli já teve grande capital político sendo uma das mulheres mais votadas da história com expressivos mais de um milhão de votos. (Imagem: Internet | Edição: Carlos Santana) |
O caso expõe a ironia do destino para quem acreditava estar acima da lei. De protagonista no governo Jair Bolsonaro, Zambelli tornou-se persona non grata já em 2022, quando muitos lhe atribuíram parte do fracasso da campanha de reeleição do ex-presidente. O clã, em meio à crise, tratou de abandoná-la para salvar a própria pele. Quando se trata da “família”, a lealdade é sempre seletiva.
A parlamentar enfrenta um dos seus maiores carmas em terras europeias. Reclamou da falta de shampoo na prisão, ironia amarga para quem, no Brasil, votou contra a distribuição de absorventes a detentas em meio ao debate sobre pobreza menstrual. É o exemplo perfeito de que o mundo não gira, capota.
Na tentativa de aliviar sua situação, sua defesa recorreu ao psiquiatra que já atendeu Suzane von Richthofen e a ex-deputada Flor de Lis, em busca de uma avaliação que pudesse justificar prisão domiciliar.
Não é de hoje que Zambelli acumula humilhações. Ainda nos tempos de prestígio, chegou a convidar Sérgio Moro, então juiz, para ser padrinho de seu casamento, mesmo sem proximidade. Mais tarde, já ministro, ele a tratou publicamente de forma protocolar, chamando-a apenas de “prezada”.
A prisão em território italiano, comandado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, mais reacionária que Trump, desmonta o discurso de perseguição internacional tão repetido por seus aliados. Restaram apenas familiares para sustentar a narrativa.
Agora, diante das grades que um dia defendeu para os outros, resta a Carla Zambelli provar na prática a fé e a resiliência que tanto pregou. Que a justiça siga seu curso. E que ela, que sempre disse lutar contra a impunidade, tenha a coragem de enfrentar a própria queda com a mesma altivez que cobrou dos demais.
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