CASO HYTALO E O OCEANO OCULTO DA EXPLORAÇÃO INFANTIL

Com a prisão de Hytalo Santos, parece que a internet finalmente encontrou o que tanto buscava. No entanto, o caso envolvendo a adultização denunciada pelo vídeo de Felca é apenas a espinha dorsal de um problema antigo, muitas vezes reduzido a questões morais e tratado sem a devida seriedade.

O influenciador foi preso em Cotia (SP) em cumprimento do mandado emitido na Paraíba.
(Imagem: Divulgação / Internet | Edição: Carlos Santana) 

Não é de hoje que criadores de conteúdo expõem nas redes a erotização infantil promovida por outros influenciadores. Ainda assim, parte da esquerda, apoiada por artistas e setores da classe intelectual, costuma reagir com deboche. Basta lembrar o episódio da “Dona Regina”, que, como plateia no programa Encontro da TV Globo, manifestou-se de forma lúcida e contundente contra a exibição de uma criança tocando um homem nu em uma apresentação artística.

Na época, até mesmo a comunidade LGBT — que ainda não incluía todas as siglas atuais — repudiou a mostra que promovia performances sobre diversidade sexual. Apesar disso, o debate acabou objetificado, como se a nudez não devesse mais ser tabu, mesmo no caso de crianças. Um absurdo inaceitável.

Para além da rede articulada de pedofilia revelada no vídeo de Felca, existe um problema silencioso: a ausência de restrições eficazes para o uso de redes sociais por crianças e adolescentes. Apesar de já haver estudos comprovando o impacto nocivo dessa exposição no desenvolvimento, o acesso continua aberto, servindo de porta de entrada para pessoas mal-intencionadas. É nesse contexto que o governo do presidente Lula busca retomar seu antigo projeto de regulação das plataformas, reacendendo um debate que, mais uma vez, foi tragado pela polarização política que paralisa o país.

O Brasil precisa avançar em medidas legais que realmente protejam crianças e adolescentes de conteúdos inapropriados, sem cair na armadilha da censura ou do preconceito. Com Felca e outros influenciadores que já haviam alertado sobre o tema antes dele viralizar, o país apenas arranhou a superfície do problema. O que está por baixo é um oceano de horror que ainda espera ser revelado.

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