CPMI DO INSS | A IMPREVISÍVEL CERTEZA

O dia em Brasília foi marcado pela instalação da CPMI do INSS, que começou com um revés significativo para o governo Lula. Nem os presidentes da Câmara, nem do Senado conseguiram emplacar seus indicados para a presidência e a relatoria da comissão. A vitória da oposição expôs a fragilidade do governo e a falta de controle das lideranças das casas legislativas, que, mesmo eleitas com ampla margem neste ano, mostraram não ter a força que imaginavam. A recente cena constrangedora do deputado Marcel Van Hatten, sentado na cadeira da presidência e paralisando os trabalhos da Câmara para pressionar pela anistia aos golpistas do 8 de janeiro, é um retrato simbólico dessa perda de autoridade.

Alfredo Gaspar (à esquerda) e Carlos Viana, ambos deputados da oposição assumiram hoje a relatoria e presidência da CPMI que irá investigar a fraude em descontos indevidos de beneficiários do INSS.
(Imagem: Internet | Edição: Carlos Santana) 

A frase clássica de que se sabe como uma CPI começa, mas nunca como termina, foi desafiada logo na largada. A imprevisibilidade deu o tom desde o início, quando a oposição conquistou de forma legal o comando da comissão. O resultado pode trazer desgastes sérios à imagem do governo, que acreditava ter sob controle uma crise que agora volta a se expandir.

Entre os alvos da investigação está um ponto sensível: o irmão do presidente Lula, que comanda um sindicato suspeito de se beneficiar dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas. O governo tenta se antecipar, devolvendo mais de 3 bilhões de reais para mitigar os danos. No entanto, a devolução não apaga o desgaste nem responde às acusações, sobretudo porque os descontos começaram ainda em 2019, durante a gestão Bolsonaro.

A partir de agora, resta acompanhar o rumo das apurações e verificar se os culpados serão de fato responsabilizados. Ou se, como tantas vezes em Brasília, tudo acabará no cardápio previsível da política nacional: mais uma pizza servida ao gosto da impunidade.

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