O caso que explode em São Paulo é muito maior do que uma simples fraude fiscal. A Operação Ícaro revelou um esquema bilionário envolvendo auditores da Secretaria da Fazenda e gigantes do varejo, como Ultrafarma e Fast Shop. A engrenagem era bem azeitada: fiscais corrompidos, créditos de ICMS liberados de forma suspeita e um prejuízo que pode passar de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Gigantes do varejo são investigadas por fraude que lesou o povo paulista em cerca de 1 bilhão de reais. (Imagem: IA | Edição: Carlos Santana) |
Não se trata de um erro contábil ou de um mal-entendido burocrático. O Ministério Público detalha que Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, tinha tamanho controle do esquema que chegou a operar o certificado digital da empresa para fazer pedidos dentro do sistema da Fazenda. O mesmo se aplica à Fast Shop, que também aparece como beneficiária da fraude. Ou seja, não estamos diante de vítimas do sistema, mas de empresas que lucraram conscientemente sobre dinheiro que deveria financiar saúde, educação e segurança para milhões de paulistas.
A política inevitavelmente entra no jogo. As fraudes começaram em 2021, atravessaram os governos de João Doria, Rodrigo Garcia e chegaram à gestão Tarcísio de Freitas. Até agora, não há provas de que os ex-governadores ou o atual tenham se beneficiado diretamente do esquema. Mas o fato é que a corrupção só prospera quando o Estado é frágil ou conivente. A omissão de sucessivas gestões na fiscalização e na digitalização dos processos permitiu que auditores e empresários fizessem a festa.
A reação de Tarcísio, ao determinar o afastamento de fiscais e prometer punição rigorosa, é necessária, mas não suficiente. O tamanho do rombo exige uma mudança estrutural: auditoria completa dos créditos de ICMS concedidos nos últimos anos, transparência total sobre quais empresas foram beneficiadas e responsabilização exemplar para todos os envolvidos, inclusive os gigantes do varejo que se apresentavam como campeões da eficiência e da moralidade empresarial.
O escândalo da Ultrafarma e da Fast Shop é uma ferida aberta que precisa ser tratada com bisturi e não com curativo. Se o caso acabar em pizza, a mensagem que ficará para a sociedade é clara: no Brasil, quem tem dinheiro e influência pode roubar do povo e continuar vendendo remédio e eletrodoméstico como se nada tivesse acontecido.
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