ÓDIO NÃO É JUSTIÇA: AS MORTES DE CHARLIE KIRK E MARIELLE FRANCO E A DEGRADAÇÃO DO DEBATE PÚBLICO

A morte de uma pessoa pública sempre causa impacto, mas quando essa pessoa é jovem e carrega uma missão política, o efeito é sísmico. Foi assim com Marielle Franco, brutalmente assassinada no Rio de Janeiro em 2018, e agora com Charlie Kirk, morto nos Estados Unidos. Eles ocupavam polos opostos. Marielle representava a luta da esquerda por justiça social. Charlie inspirava jovens conservadores a questionar o progressismo nas universidades e na cultura. Ambos, à sua maneira, moviam corações e mentes.

Marielle Franco e Charlie Kirk, duas forças politicas caladas pela violência
(Imagem: IA | Edição: Carlos Santana) 

Marielle dizia que “quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”. Sua frase se tornou um grito contra a violência estatal e a banalização da morte nas periferias. Charlie, por outro lado, defendia que “as ideias conservadoras merecem espaço para serem ouvidas e debatidas, especialmente nas universidades”. Ele acreditava que o confronto de ideias era vital para a democracia.

O que impressiona, porém, é o que vem depois. No lugar de uma pausa para reflexão, assistimos a uma catarse coletiva de ódio. De um lado, homenagens, vigílias e tributos emocionantes. De outro, comentários festejando a morte, memes zombando do corpo ainda quente, discursos cheios de desprezo. É como se a morte fosse uma vitória política e não um fracasso humano.

Esse comportamento não é novo. Quando Marielle foi assassinada, vimos uma enxurrada de fake news, piadas cruéis e tentativas de deslegitimar sua memória. Agora, com Charlie Kirk, repete-se o mesmo roteiro. Ao invés de lamentar a violência, muitos aplaudem. Esse padrão deveria nos envergonhar. Não há nada de revolucionário em celebrar um assassinato, assim como não há nada de cristão em tratar a vida de um oponente como descartável.

Essa desumanização é perigosa. Quando passamos a acreditar que o outro merecia morrer por pensar diferente, abrimos a porta para que o mesmo argumento seja usado contra nós. É um ciclo que só fortalece o pior da política, aquela que não busca convencer, mas eliminar.

Marielle e Charlie não são comparáveis em ideologia, mas o paralelo é inevitável no efeito que tiveram e na reação que despertaram. A violência política é um alerta, e as respostas que damos a ela dizem muito sobre quem estamos nos tornando. Se aplaudimos a morte de quem pensa diferente, então já perdemos mais do que imaginamos. Perdemos nossa humanidade.

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