A Câmara dos Deputados decidiu, por 311 votos, dar urgência ao projeto de anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. O recado não poderia ser mais claro: o perdão aos que atacaram Brasília corre contra o relógio. A pressa é tamanha que a votação da urgência recebeu mais votos do que seria necessário para aprovar uma PEC. Se isso não é sinal de que o mérito do texto vai passar com facilidade, o que seria?
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Com 311 votos a maioria da Câmara aprova urgência do PL que pretende perdoar os crimes cometidos em 8/01 (Imagem: IA | Edição: Carlos Santana) |
Mais uma vez, o Congresso Nacional mostra que tem um conceito próprio de perdão, bem distante do senso de justiça da sociedade. Para os políticos acusados de crimes, o perdão vem na forma de blindagem judicial e voto secreto. Para os destruidores da capital, vem a chance de limpar a ficha como se nada tivesse acontecido. Crime, castigo e perdão, tudo no mesmo pacote, sem qualquer garantia de que o crime não voltará a ser cometido.
O governo saiu derrotado. O centrão e a direita celebram. E os parlamentares que deveriam ser a resistência, inclusive deputados do PT, votaram a favor da urgência. O gesto foi vendido como aceno político, tentativa de segurar outras pautas, mas no fim pareceu uma rendição para agradar quem nem precisa de apoio governista para avançar.
O que está em jogo não é apenas a liberdade de quem destruiu prédios públicos. É a mensagem que o país envia para o futuro. Se o crime compensa, se o perdão vem rápido, se a anistia é negociada como moeda política, que tipo de democracia estamos construindo? A história vai perdoar?
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