TARCÍSIO E O PREÇO DA AMBIÇÃO

Escritórios do PCC na Faria Lima, fraudes bilionárias na Secretaria da Fazenda e pedágios se multiplicando por todo o Estado. Em meio a esse cenário, surge uma pergunta inevitável: por que Tarcísio de Freitas parece mais preocupado com seu futuro político em Brasília do que com a gestão de São Paulo?

Tarcísio quer ser presidente e os seus atos falam por si. 
(Imagem: Internet | Edição: Carlos Santana) 

Desde que herdou o espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, o governador paulista tem se comportado como um presidenciável em campanha permanente. Sua articulação recente para garantir a tramitação na Câmara dos Deputados de um projeto de anistia desidratado, voltado à dosimetria das penas de envolvidos nos atos golpistas, foi interpretada como demonstração de força política. Tarcísio conseguiu as assinaturas necessárias e, de quebra, impôs um desafio direto ao governo federal. Um gesto calculado, de quem entende que visibilidade nacional vale mais que qualquer vitrine administrativa.

Enquanto isso, São Paulo sangra. O crime organizado avança sobre a estrutura do Estado, ameaça e assassina autoridades policiais, infiltra-se em redes econômicas e agora é apontado em investigações sobre a contaminação de bebidas alcoólicas com metanol. A substância, que teria origem em adulterações de etanol, combustível automotivo, vem sendo distribuída de adegas periféricas a bares de luxo nos Jardins.

O Estado que sempre se orgulhou de sua eficiência agora convive com um governo que parece operar em modo automático, enquanto seu líder calcula o tempo político perfeito para deixar o cargo. Entre um novo pedágio e uma coletiva cuidadosamente ensaiada, Tarcísio de Freitas precisa decidir se quer ser governador de São Paulo ou apenas candidato do bolsonarismo órfão.

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